Andava eu centrada no dia do passeio às Ilhas, quando algo nos privou da minha escrita. Cá estou de novo!
Ao escrever sobre o Brasil, busco automaticamente a cor verde, não fosse esse o tom predominante, empatado com o azul do mar. Impossível resistir. Se Freud fosse vivo explicaria esta associação...
6 - No regresso da Ilha de Itaparica, alguns pontos dignos de serem mencionados: a) de terra para um bote e do dito bote para o barco, passando por dentro de outro (sería fácil ficar no barco errado!!), b) esparramada no meio do barco, deitada nos colchões, com o abençoado vento a roçar-nos as caras, c) a paisagem de S. Salvador ao anoitecer, d) o guia Paulo "na sua", com a pele bem cortejada pelo mar/sol/vida, o barman Jacaré a fazer mais caipirinhas, o comandante Gorila a conduzir-nos
e e) a quase-angústia de confirmar que o grupo musical fazia jus ao seu nome (Vai e Vem), dado que tocavam bem, mas cantavam pior que eu no banho. Por fim, a surpresa de saber que tinhamos sido capa de revista! Aquele pessoal (re)inventa, desdobra-se em artimanhas e pequenas surpresas na tentativa de conseguir mais uns reais. E consegue! Fica a prova:
7 - Voltando aos dias passados na companhia do Alex, relembro o fino arrepio na espinha, os meus olhos com vontade de olharem só o chão, incomodada, envergonhada, revoltada, apetecendo-me pedir DESCULPA por o que outros que não eu tinham feito: falava-nos dos Escravos! Recordo claramente o momento em que nos explicou como transportavam as damas brancas, em liteiras, até à Igreja e Convento de S. Francisco (onde nos encontrávamos), para que estas assistissem à missa. Eles permaneciam à entrada, num canto escuro, sem visibilidade alguma para a nave daquela belíssima Igreja, acorrentados. Tinham vontade de participar, mas não podiam... Daí também a forte presença do Candomblé e dos Orixás, místico e de raízes africanas, algo fascinante de que falarei separadamente.
Nessa mesma Igreja, riquíssima mas agradável, o impressionante tecto, os claustros com azulejos portugueses em claro contraste a precisar de uma reforma e um sentimento indefinido, mas triste, ao saber que o povo raspa as colunas banhadas a ouro, na tentativa de levar para casa algo valioso...
8 - A questão da tão falada (in)segurança! Chegada ao aeroporto de Salvador: o Guia informa-nos quase de imediato que a segurança não está muito firme. Como me senti? Por incrível que pareça, bem! Há cuidados básicos a ter, fora isso...
Fizemos, a quatro, um retorno ao hotel pelo calçadão e tive imensa pena de a distância não ser maior. Soube excelentemente bem e o medo foi algo que não me acompanhou. Começou aí a vontade de me aventurar, sem guias nem taxis, mas seguimos para a Costa do Sauípe no dia seguinte. Deu para jantar no Boi Preto (outra odisseia para o post gastronómico) e arrancar, na manhã do dia seguinte, para o Mercado Modelo, com hora marcada para deixar o hotel e apanhar o transfer.
9 - Merece um ponto só para si: a referida ida ao Mercado Modelo, na Baixa de Salvador. O quarteto entra no taxi da amiga, à porta do hotel, e com a pressão do contra-relógio acabo por fazer algo de que me arrependo até hoje: à chegada ao destino (vários kms depois) esqueço-me de lhe dar um pouco mais, a ela que tão impecável foi sempre connosco, sem joguinhos: ela mesma. O Paulo ainda a procura mais tarde, mas nada. Desculpa-me! Fica o desejo que a vida te sorria sempre e cada vez mais. Sincero!
Dentro do Mercado, um mundo nos esperava, tal como previsto. Ruas interiores com nome, artesanato muito, valores acima do justo ou mercadoria sem preço a dar oportunidade para o jogo da negociata. Telas, muito artesanato em diversas madeiras, redes, instrumentos musicais, fitas da N. Sr.ª do Bonfim, comidas, roupas de capoeira ou baihana, uma tentação! Relembro, no final, a compra de três pequenas máscaras em madeira e o não ter dinheiro suficiente, por ter confundido uma nota de 10 reais por uma de 5. Encravo, peço desculpa e informo que só posso trazer duas, explicando o porquê. "Não, minina. Esquece isso. Você vai levar as três, sim!" Provavelmente corada, agradeço. Vieram, assim como alguns instrumentos para um futuro Sarau (Viseu ou Reguengos, ainda está por decidir!), a tentadora rede beje e a cocada que a Liliana tanto pediu para não esquecer. Ficaram os reais...
10 - Para terminar num número redondo e porque é verdade: a confirmação de que cerca de 10% da população baihana é de raça branca. A saber: feios(as) e deslavados(as). Predomina claramente a mistura das diferentes raças entre si. Poucos vistos, mas há pessoal bonito, de encher o olho. Como exemplo, a bailarina do Balé da Mata do Coliseu (não é Vasco?). De muito bom gosto e com uma preparação e expressão corporal invejáveis. Bonita que só visto!
Ficam as emoções e os pensamentos relativos a Sauípe por relatar... por enquanto. Brasiu, que saudades! AXÉ!
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